E apesar de aqui já ser inverno (chupa Westeros!) e está mais frio do que Arendelle depois da maldição da Elsa (mais Frozen abaixo, é claro), as referências a Game of Thrones param por aqui. O texto dessa semana é para fazer um bom resumo do que anda acontecendo de bom (ou de ruim, ou de muito ruim, ou de confuso, ou de muito bom, tem de tudo nessa summer season) e da minha sessão interminável de maratonas.
Primeiro, meu amor de verão. Ano passado, ABC Family nos presenteou com o melhor drama familiar dos últimos 5 anos do canal, com The Fosters (que continua maravilhosa, linda, adorável, polêmica, debatendo tabus e nos fazendo chorar rios, como sempre), este ano foi a vez de nos dar Chasing Life. Um drama sobre uma garota que descobre ter câncer exatamente quando tudo na sua vida começa a dar certo. A série, de fato, demora um pouco pra te convencer durante o piloto, você fica com a clara sensação de que a protagonista, April, demora a compreender a grandeza do seu problema e, em uma única cena, ela implode e te leva junto. Assim como Troian Belisario (Spencer Hastings em Pretty Little Liars) acredita que a Academia de Artes Cênicas Televisiva deveria dar uma chance para os dramas da emissora (a gente pode discutir sobre isso qualquer dia desses), você também deveria dar uma chance para Chasing Life.
Falando em amor de verão, tá difícil de encontrar uma nova série empolgante, sensacional, espetacular e intensa nesse período. Quer dizer, vi quase 10 pilotos e a conclusão que chego é: deveria ter passado a noite fazendo maratona de Veronica Mars. De novo.
Mas tem sim coisa boa, coisa muito, muito boa. O piloto de uma hora e seis minutos de The Strain, drama sobrenatural sobre vampiros na FX, assinada por Guillermo Del Toro e baseada em uma trilogia homônima, é uma superprodução densa, com personagens intrigantes e um enredo que parece que, se levado com maestria, deverá se tornar na melhor série desta summer season (e, talvez, até do ano). Mas a grande maioria, como eu bem disse, não é tão feliz assim.
Por exemplo, temos a série The Leftovers, assinada por Damon Lindelof (aquele mesmo que destruiu as nossas vidas ao criar aquele final pavoroso de Lost, coloquem-no de volta a listinha negra), na HBO, e que, segundo consta, deveríamos amá-la porque é uma série sobre o desaparecimento de 2% da população, mas que o foco é nas pessoas que ficaram e é uma produção da HBO. Aliás, amá-la mais por ser uma série da HBO do que por ser boa, segundo consta nos comentários do Banco de Séries sobre o episódio de estreia. E, francamente, o piloto é tão confuso e tão pouco convincente, que nem esse argumento de "It's not TV, it's HBO" não é suficiente pra fazer alguém querer a ver isto.
No meio de tantos pilotos, destaque maior ficou pra surpreendente Tyrant. Não é uma série que nem o público americano iria apostar muito, focado no Oriente Médio e sobre um filho de ditador que retorna a casa depois de 20 anos longe, mas a série sabe conduzir a trama e, mesmo tendo um ritmo mais cadenciado, consegue criar momentos de tensão. Tensão que falta no projeto de 50 Cent, por exemplo. Power é um monte de série de ação batida no liquidificador e jogada na cara do público. E o pior, mal feita.
Mas a vida de seriador não se resume apenas a novos pilotos, mas sim a séries veteranas que retornam e minhas noites de verão estão ocupadas por Falling Skies e a pior premiere do ano. Aquilo foi tão ruim que, geez, dá até agonia de só de lembrar os acontecimentos daquela... coisa. A série trocou de showrunner e fiquei com a sensação que trocou as prioridades. Os Volms (nossos projetos mal-sucedidos de Darth Vaders, antigos leitores do meu blog anterior entendem esta referência) sumiram e deram uma desculpa babaca, os Esphemi trocaram de objetivo e temem uma outra raça (que ninguém sabe o que é, que deveria ser os Volms, mas nem os Volms devem saber quem são), Lua Sangue Bom guerrilheira é a coisa mais chata possível. Mentira, tem o arco nazi-facista do Matt que é simplesmente ridículo, tem o Ben e a Maggie num mimimi sobre a Lexi que nasceu amarela, ficou negra e hoje é branca e loira platinada (com mais ou menos 20 anos, mas só tem 5/6 meses de vida, mas a gente compra, ou finge que compra, porque ela é, supostamente, meio-ET). E tem o Tom. E o Pope. E o Hal... E não sei se eu gostei daquela história de presidiários. Se for pra falar de presidiários, por que não assistir Orange is the New Black? Seria muito melhor, mais produtivo, mais divertido e muito melhor roteirizado.
Under the Dome, ou como eu prefiro carinhosamente chamar, Sob a Rodinha, também voltou de seu hiato de ex-minissérie à série-sem-fim-previsto-porque-a-CBS-quer-ganhar-dinheiro e, olha, a gente pode conversar seriamente com a produção dessa série pra manter Stephen King himself como roteirista e assinar todos os episódios? Porque (além de dar aquela trollada básica na Britt Robertson fazendo cameo pedindo mais café), o próprio Rei do Suspense assinou o melhor episódio da série até então. Aquela premiere foi tão boa que eu assisti de novo, só por conta do final. Não, mentira, o episódio foi bom mesmo. Mas o final foi melhor ainda. Só que daí introduziram uma tal de Rebeca e eu já estou quase revendo meus conceitos sobre se eu gostei daquele final.
Tem Pirulito também, mas vocês sabem o que eu acho de Pirulito nas minhas reviews semanais.
No meu diário de maratonas, eu terminei aquela de Suits. Ainda não sei se eu gosto da posição em que o Mike se encontra, desse embate dele com o Harvey. Mas tem a Donna. Qualquer coisa que tiver a Donna a gente perdoa. E glorifica.
Outra série gloriosa que eu terminei minha maratona foi House of Cards. E que série! Frank Underwood é o protagonista mais incrivelmente filho da puta do universo. Ele faz de tudo, usa todo mundo, samba na cara, humilha, mata e ainda consegue tudo que ele quer. E tem a Claire. Que mulher! Robin Wright tem o melhor papel feminino da atualidade na televisão (e aqui a gente esquece a Tatiana Maslany um pouquinho, porque a Tati tem oito personagens, não dá pra competir). A grandeza da Claire, como esposa do Frank, é assustadora. Aliás, eles são o casal de protagonistas mais sensacionais dos últimos tempos.
Daí fui fazer maratona de Once Upon a Time. Fazia tanto tempo que eu não passava um tempo com os Charmings e com Emma e com Regina (e que saudades eu estava da Regina), que não esperava que iria gostar da temporada. Quer dizer, tirando as vezes que eu quis matar o Peter Pan e o Henry na primeira metade da terceira temporada (que é quase sempre, registra-se), a temporada é legal. Bom, a resolução da Zelena/Wicked Witch of West não é tão bom assim, assim como eu não sei dizer se gostei da finale, mas foi uma boa temporada no final das contas. Agora, Elsa is coming. Frozen is coming. E, conhecendo Kitsis e Horowitz, esperando por inúmeras piadas com "Let It Go".
Bom, agora tem SHIELD, tem The Vampire Diaries, tem Reign e tem mais um monte de maratona pra fazer. Acho que vou precisar de ajuda da Zelena pra voltar e ganhar um pouco mais de tempo. Ou não. Esperem por mim. Um dia eu volto. Ou não. Sei lá.