sábado, janeiro 11, 2014

[Resenha] O Oceano no Fim do Caminho


"Foi há quarenta anos, agora ele lembra muito bem. Quando os tempos ficaram difíceis e os pais decidiram que o quarto do alto da escada, que antes era dele, passaria a receber hóspedes. Ele só tinha sete anos. Um dos inquilinos foi o minerador de opala. O homem que certa noite roubou o carro da família e, ali dentro, parado num caminho deserto, cometeu suicídio. O homem cujo ato desesperado despertou forças que jamais deveriam ter sido perturbadas. Forças que não são deste mundo. Um horror primordial, sem controle, que foi libertado e passou a tomar os sonhos e a realidade das pessoas, inclusive os do menino.
Ele sabia que os adultos não conseguiriam — e não deveriam — compreender os eventos que se desdobravam tão perto de casa. Sua família, ingenuamente envolvida e usada na batalha, estava em perigo, e somente o menino era capaz de perceber isso. A responsabilidade inescapável de defender seus entes queridos fez com que ele recorresse à única salvação possível: as três mulheres que moravam no fim do caminho. O lugar onde ele viu seu primeiro oceano."

O oceano no fim do caminho, até então, arriscaria dizer que provavelmente é meu livro favorito. Acabei ele a alguns dias, e só agora consegui realmente organizar toda sua história em minha cabeça, superar o final e acertar minhas emoções. O livro nos conta sobre um homem perturbado por eventos do passado. Eventos que ele nunca saberá se foram reais ou não. 

Neste livro o leitor é transportado para um mundo não tão diferente do nosso. Tudo bem que não temos pássaros que devoram "parasitas" ou um lago que na verdade é um oceano. Um oceano que cura, que serve de lar para certas criaturas. Tudo bem que no nosso mundo não existe arcos de fadas que nos protegem ou coisas assim. Mas, se pensarmos no modo de colocar todas essas coisas da forma que Neil Gaiman fez, talvez você possa entender que esses "parasitas" que atormentam o menino, o próprio Neil de certa forma, é simplesmente a ganância humana. A necessidade de ter tudo. E essas criaturas nos dão tudo. 

Talvez nas primeiras páginas, ou até mesmo quando terminar, você não entenda muita bem o livro. O oceano de Lettie, o universo da família Hempstock ou o sentido de toda história. Mas, isso passa. Você acaba percebendo que aquela infância, o que o menino passou poderia ter sido sua história também. É isso que Neil passa para os leitores. Qualquer um de nós poderia ser o eu lírico da história. Você irá se encantar com os personagens e desejar cada vez mais entender esse universo único. Com certeza essa leitura irá marcar a sua vida assim como aconteceu comigo.

"Uma história só é relevante, suponho, na medida em que as pessoas na história mudam. Mas eu tinha sete anos quando todas essas coisas aconteceram, e no fim de tudo era a mesma pessoa que era no início, não era? Todos os outros também. Deviam ser. As pessoas não mudam. Mas algumas coisas mudaram."

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