Seri'ously #5 - O relógio bate às doze: Boa noite, Maltrapilho

Até logo, Matt Smith.

Todos sabem que o bom whovian não comemora o Natal, mas sim comemora o Especial de Doctor Who no dia 25 de dezembro. Em 2013 não foi diferente, entretanto, também não foi a mesma coisa. Normalmente, os 90 minutos de especial são com aquele clima natalino, com uma mensagem bonitinha no fim e completamente avulso aos acontecimentos da temporada (com exceção de "End of Time", especial de duas partes exibidos como especial de Natal de 2009 e de Ano Novo em 2009/2010). Neste ano não foi assim.

No Natal de 2013, o Especial de Doctor Who foi realmente especial. Ele encerrava a era de Matt Smith encarnando o Eleventh Doctor (o décimo primeiro ator, na verdade, a encarnar o Doutor, mas a décima terceira encarnação, graças ao War Doctor de John Hurt, e ao duplo Doutor de David Tennant). E não foi um episódio em que qualquer leigo poderia sentar na frente da TV e entender o que estava acontecendo. Este episódio, diferentemente do que ocorre, estava atrelado à mitologia da série, aos três anos de Matt Smith como Doutor.

Tivemos histórias que foram abertas lá na quinta temporada e se estenderam até então, como as rachaduras no Universo causadas pela explosão da TARDIS pelo clã de Madame Kovarian e o clã do Silêncio com a profecia de "que o Silêncio iria cair quando a pergunta mais antiga do Universo fosse respondida". Imagina pra quem via um episódio avulso da série sentar pra ver um vulgo Especial de Natal desses. Ia se sentir mais perdido do que nunca.

Mas nem tudo foi bom na estadia de Matt como Doutor, aliás, desde o reboot em 2005, a sexta temporada - aquela com o casamento da River Song, tudo que iniciou em "The Impossible Astronaut" e se transformou em uma grande bola de neve, as sequenciais saídas repetidas usando a wibbly-wobbly timey-wimey stuff como desculpa, o Moffat por si só - é, com quase absoluta certeza, a pior já então produzida pela BBC Wales. Ainda que parte de tudo que envolvia a sexta temporada, tenha encontrado o fim neste especial de Natal, "The Time of the Doctor" (episódio de número 800, registra-se), foi um fim que não foi satisfatório para muitos dos whovians - sim, as resoluções para o Silêncio, para a pergunta, para as rachaduras no Universo, pro episódio por si só, ainda que tenha havido tantos bons momentos isolados.

Mas apesar das minhas reclamações particulares a respeito da estadia de Matt Smith no posto de Doutor e ao episódio Especial de Natal, este post não será uma crítica às suas temporadas e aos seus episódios. Pelo contrário, esta é uma carta de obrigado e um até logo ao nosso Maltrapilho.

Matt Smith foi um dos Doutores com o maior apelo jovem (e foi o mais jovem, até agora) e com um controle de timing cômico que o fazem um dos melhores atores a incarnar o nosso Time Lord favorito quando o assunto é comédia. Mas Matt Smith não era só o rostinho bonito que abraçava bem o papel pastelão que o personagem o incumbia - não é a toa que o seu bordão era "Gerônimo!" -, ele sabia se virar muito bem no drama.

Acho que eu perdi a conta de quantas vezes eu chorei vendo os episódios de Matt Smith. Desde "The Girl Who Waited", passando por "Vincent and the Doctor", "A Christmas Carol", "The Angels Take Manhattan" (e o adeus dos Ponds) e até o minisódio "P.S." (sim, acho que nesse eu chorei por quase duas horas sem parar - e ele só tinha cinco minutos, CINCO FUCKING MINUTOS, e era só uma leitura das cenas finais do roteiro de "The Angels Take Manhattan" que havia sido cortado).

Matt Smith nos deu momentos que serão inesquecíveis para nenhum fã da série botar defeito (e outros que é melhor esquecer). Em seu período como Doutor, trouxe uma dinâmica incrível com os Ponds e até mesmo com seu curto tempo com Clara Osvald.

E é por isso que somos gratos, porque Matt Smith fará, sim, falta interpretando o nosso Time Lord favorito, assim como todos os outros que vieram antes fazem, então fica aqui o nosso "muito obrigado, Matt Smith". E até logo, porque agora é hora de esperar e torcer pelo Twelfth Doctor, onde se começa um novo ciclo, não só de regenerações, mas de história. Chegou a hora do relógio contar até doze e, enfim, seja bem-vindo, Peter Capaldi.

Até logo, Matt Smith.

Doctor Who tem retorno previsto para agosto de 2014, pelo canal britânico BBC.

Sobre a coluna: A coluna Seri'ously apresenta a opinião do autor sobre o mundo das séries. A partir da próxima semana, a coluna Seri'ously será publicada todas as quintas com críticas, análises e textos especiais sobre séries.