O efeito dominó.
Eu lembro que, há alguns episódios, quando discutíamos a questão de Callie ter que ser, de alguma forma, punida como parte das consequências de seus atos e de suas escolhas, havia um comentário que ia na contra-mão do que eu tinha falado, que não era o momento para "consequências por causa de tudo que ela havia passado". Pensando nisso, ao acompanhar o episódio desta semana de The Fosters, eu fiquei pensando nas ações de Brandon e em como ele fugiu de suas consequências, de como seus atos eram impensados e sempre visava uma resolução rápida para qualquer um dos problemas.
O efeito dominó, que abre este texto, podia muito bem também ser representado como um efeito bola de neve, ou ioiô. Todas as ações que Brandon tomou estão, agora, de certa forma voltando. O problema é que não é contra ele. E aí toda a raiva natural que eu já sinto pelo personagem atinge níveis que são insuportáveis até pra mim.
A ação lá atrás em que ele achava que era certo por amor, ou o que ele considerava ser amor, em abandonar as aulas de piano e utilizar o dinheiro para subornar Ana, mas agora tendo que devolvê-lo e ele partindo para fins ilícitos, voltou para cobrir suas devidas consequências. A vida é assim, a lei da física é assim. Pra toda ação gera uma reação. Era questão de tempo até que as de Brandon fossem levadas a pauta da série.
Mas ainda não será neste episódio, porque o que suas ações geram são resquícios em outros. O que acontece é que Brandon, para o seu plano infalível com Vico de falsificar identidades, invade a sala de arquivos da escola, que sente falta de parte do material roubado e começa a investigar quem poderia ter sido o responsável pelo roubo.
Porém, essa acusação é levantada quando Callie está hospedando dentro da própria escola uma seção de fotografia com crianças órfãs, em virtude do fato de que uma de suas fotos foi responsável pela adoção de Kiera. Callie deu o molho de chaves da Lena para Daphne, que vira o alvo das acusações de roubo graças ao seu histórico.
Sobre isto, tem dois pontos ao qual eu gostaria de chamar a atenção, o primeiro é o desconforto com a presença de Stef quando a própria Daphne e Kiera estão visitando Callie na casa dos Fosters, onde eu tenho duas teorias, a primeira pela representação da Stef como policial por si só, e a segunda de que parece que Stef foi a responsável pela prisão de Daphne, pode ser ilusão minha ou um mal entendimento, mas foi o que pareceu para mim. O segundo fato é de que tudo, graças às ações de Brandon, pode ruir para Daphne, já que ela estava entrando na vida independente, conseguindo seu próprio apartamento e tentando se reaproximar da filha.
E eu não culpo Callie por concluir precipitadamente de que Daphne era uma possível culpada, aliás, Callie ainda deu o benefício da dúvida à Daphne e a questionou pessoalmente, afinal, eu também chegaria àquela conclusão. Ela só havia dado as chaves à Daphne, era a única suspeita que poderia considerar naquele momento. O que repudio é, no entanto, Brandon se afundar ainda mais e prejudicar terceiros; porém, com Callie descobrindo que Brandon também esteve presente naquela noite, as coisas podem ser acertadas, agora resta saber qual será a decisão dela.
Nas outras linhas do episódio, Mariana virou motivo de chacota para Chase e seus amigos, graças ao episódio da "calcinha no bolso". A sua ação não está mais em discussão porque já foi alvo de discussão no texto do episódio anterior, o que é válido agora, no entanto, é como sua reputação e, assim como para Brandon, as consequências foram aplicadas. Eu acho que minha empatia pela personagem tem crescido a cada novo episódio, e isso tem me feito torcer pela personagem, o que nos leva ao Zach e sua crítica no jornal a atuação de Chase na peça, como resposta às sequências de humilhação pública de Mariana. Bizarramente, eu acho um casal que funciona, só espero que esse negócio de friendzone que eles instauraram um para o outro não dure.
Friendzone que foi pro ralo é Jesus e Emma. E adeus romance com Lexie. Depois de mais uma luta entre eles, em que Jesus deixa claramente que Emma vença, a garota acaba explodindo porque ele a viu como uma garota naquele momento e sobre o quanto ela lutou para ter seu espaço respeitado no time de wrestling, o que é legal porque é uma forma meio aveludada de defender o feminismo, ainda que acabe com um beijo entre eles. Beijo que se repete e Jesus decide que tem que terminar seu relacionamento com Lexi de vez. Achei até que demorou, na verdade.
E se você achou que as peripécias (quem hoje em dia, além do narrador das chamadas da Sessão da Tarde da Globo, usa essa expressão?) de Brandon parava lá em cima, bom, ele pegou uma identidade falsa para ele próprio como teste com Vico e foram para um bar, onde encontram a tal nova namorada do Mike, que deveria estar sóbria e longe de bebidas alcoólicas, e isto é discutido no jantar que Lena e Stef dão para, uma apresentar a pessoa que tem em mente como doador de sêmen, Timothy, a outra para conhecer a tal da nova namorada e futura madastra de Brandon, Danny.
Aliás, entrando neste lado mais adulto da trama, Stef e Lena estão tentando encontrar um doador para o bebê de Lena. Eu gosto como a história delas é contada, em como uma apoia e respeita a decisão da outra e em como elas são uma unidade como um casal. É tão bonito.
Outra coisa muito bacana que The Fosters normalmente traz com frequência são as seções do que em inglês é chamado de "parenting", quando os pais conversam e educam os filhos. Neste episódio, a seção foi especificamente com Mariana e Lena e Stef sempre têm ótimos conselhos pra dar para os filhos que este tipo de cena é um grande trunfo pra série.
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