A história de uma era vendo Nikita.
Eu sofri. Ah, como eu sofri. Acho que assim como qualquer outro fã do programa desde o primeiro minuto, desde a cena daquele roubo mal-sucedido que condenou Alexandra Udinov aos confins da Division, mesmo que propositalmente, eu sofri. Acho que o correto é sofremos.
Sim, nós sofremos. Risco de não termos sequer uma terceira temporada, a mudança para as sextas-feiras, as constantes falta de credibilidade, o medo do fim. Sim, nós sofremos. Acho que quando assinamos o contrato para ser fã de Nikita tinha uma cláusula em fonte Symbol tamanho 1 falando que "você aceita sofrer por todo o curso desse programa".
E não foram só perdas desta forma, essa perda paupável de cancelamento, mas sim o quanto sofremos inclusive com a perda de personagens queridos (outros nem tanto assim) durante todas as quatro temporadas. Foram 73 episódios e, ainda que possa ter um ou outro que você pense "é, foi aquilo né", a série nunca, em hipótese alguma, nos decepcionou.
E somos gratos, acima de qualquer outra coisa, a Craig Silverstein. Tio Craig, como eu irei eternamente chamá-lo de hoje em diante, se virou como pode e sempre pensou no fã da série em primeiro lugar. Quer uma prova disso? O final da segunda temporada. É claro que tínhamos pontos soltos como a identificação da Oversight e outras questões a lidar por ali, mas aquele episódio foi a queda de Percy. O fim da Division como ela era. E essa foi a proposta da série em primeiro momento: a luta da Nikita para desarticular "a empresa do governo que se transformou em mercenária". Se a série se encerrasse ali, ela teria cumprido com o que tinha se proposto. Satisfatório? Sim. Justo? Não.
Depois dali, tio Craig se superava a cada dia. A cada minuto de episódio. A terceira temporada, uma caça à Amanda e o fim da Oversight também seria um bom caminho, mas ele não parou por aí, tirou a última carta da manga para encerrar, enfim, a série em seu quarto ano. O ano da Oficina. O ano de, enfim, Helen voltar para o porão. Aliás, Craig Silverstein, Terry Matalas e Travis Fickett deram um show de samba e transformou a Sapucaí de palco no episódio que contava a história de Amanda, "Broken Home" (3x18).
O encerramento de Nikita é perfeito. Simples assim. E é tolo aquele que tenta encontrar defeitos, pontas soltas e detalhes desapercebidos aqui ou ali. É claro que se tivéssemos mais episódios, a temporada poderia ter sido muito melhor trabalhada (como o lance da Alex com o Sam/Owen, que ficou um pouquinho forçado), mais do que já foi, como o próprio Silverstein diz em entrevista para a TVLine.
A série se encerra da melhor forma possível, com o embate do século, algo que eu ansiava muito mais do que ver a revanche da Miesha Tate com a Ronda Rousey (porque essa luta era mais importante que a do Anderson Silva, é claro).
E embora que eu sempre vou me perguntar "porque apenas seis?", sou extremamente grato. A CW foi uma emissora linda. Linda dentro do possível. Que outra emissora no planeta daria 4 temporadas para uma série com 0.2 no demográfico? Nem na RedeTV! De dar um final digno pra essa série tão menosprezada? Obrigado, CW. De verdade. Você pode ter dado fim a tantas outras séries que eu gostava, mas cuidou da única que eu amei - e vou continuar amando para todo o sempre.
Nikita cumpre seu papel. Me deixa órfão de uma excelente trama policial/conspiratória/de ação. Mas isso é bom, porque tudo que é bom tem um fim. E antes em grande estilo do que não ter nenhum.
Para Titio Craig, de quem eu virei fã #1 daqueles de ter carterinha personalizada e poster no quarto, de louvá-lo no meu "Hall de Showrunners Mais Fodas do Multiverso", desejo sucesso em seu novo projeto, Turn, para a AMC. Pode ter certeza que eu estarei lá assistindo, mesmo que seja uma série de época PNC com a cara da AMC.
Para você, que nunca deu uma chance a Nikita, que fugiu da série por sei lá qual motivo, é melhor que vá correndo ver o que Tio Craig preparou pra você, com absoluta certeza você irá chegar ao fim da mesma forma que Amanda chegou: gritando o nome dela - Nikita.
Sobre a coluna: A coluna Seri'ously apresenta a opinião do autor a respeito do mundo das séries.
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