Em seu terceiro episódio, True Detective coloca o caso em primeiro plano, trata das relações dos protagonistas em segundo plano e segue levantando e pontuando questões ordinárias e pouco debatidas na televisão - e fora dela também.
Um dos grandes pontos positivos da série, pelo menos pra mim, é como seus diálogos, principalmente as falas de Rust, implicam diretamente como crítica à sociedade e como nos fazem refletir sobre qualquer que seja a questão. Aliado à excelente atuação de Matthew McConaughey fica ainda mais fácil ter essa sensação.
Tem dois pontos nas falas de Rust que são arrepiantes, a menos importante, mas simbólica, ao fim do episódio, falando que "a investigação é como um sonho e muitas vezes no final dele tem um monstro"; e sua grande divagação e questionamento do culto evangélico que eles foram atrás de pistas do caso.
Note como a série pontua uma crítica e se sustenta sob a visão de Rust, que fala abertamente sobre a proposta capitalista embutida para arrecadar dinheiro de gente inocente (no sentido próprio da palavra), mas note como a série também faz uma outra crítica: a postura inerte e superficial de Marty, aquele conservador que não questiona e deixa estar como está.
Poderíamos ficar aqui falando sobre a cena e abrindo uma discussão enorme que renderia assuntos por vários e vários textos, mas isso não representa um décimo do episódio em si.
Voltando ao que ele realmente apresentou, as investigações do caso Dora Lange e do suspeito que eles antes investigava na Igreja acaba não tendo resultados, fazendo com que o caso traga um novo suspeito, um criminoso sexual que parece conectar os casos da menina desaparecida, com a prostituta assassinada e a moça encontrada afogada em uma enchente. E brindando ao telespectador mais visual e menos detalhista uma cena final que pode convencê-lo a seguir com a série, com o cara com a máscara de gás saindo da floresta.
Porém, agora mais do que nunca, eles precisarão correr com a investigação e apresentar alguma pista sólida, pois senão o caso vai para a força tarefa montada pelo governador.
No ponto mais secundarista da trama, não podemos deixar de lado a sequência de interrogatório que dá base à série e segue sendo sensacional. Enquanto isso, em 1995, Cohle é convidado a um encontro a cegas com Marty, Maggie e Jennifer - amiga do casal -, mas Marty encontra Lisa e temos um ataque de ciúmes. Tudo indica que um dos motivos para a inimizade entre Cohle e Rust se deve a Maggie, mas vamos esperar.
Uma coisa minimalista que tem me chamado atenção e que vale ser mencionado é como Cary Fukunaga tem conseguido lidar com a cronologia da série. Repare como as latinhas do Rust no interrogatório servem como um cronômetro - e não alusão ao caso, com a encenação da cena do crime pelo personagem, como alguns dizem.
True Detective segue consistente e muito bem trabalhada, com uma trama sólida e realmente empolgante - mesmo sem fazer nenhuma explosão, tiroteio ou qualquer recurso exagerado, trabalhando apenas nos diálogos e no desenvolvimento de seus personagens. Uma pena que teremos que esperar mais duas semanas para saber o que irá acontecer.
True Detective, em virtude do Super Bowl XLVIII, não será transmitido no próximo domingo (2/02), e retornará dia 9/02 com um episódio inédito na HBO.
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